quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Outro Significado de Vencer / Pirassununga 2012


Esses dias em um devaneio que postei no facebook, questionei como “vencer” no esporte pode ter outros significados. Eu, que venho desde a infância, praticando esportes mais objetivos, onde se você faz mais pontos, vence, ainda me sinto meio deslocado e despreparado para tratar de um assunto tão complexo. Mas vivencio isso em minha cabeça nas provas do esporte que, agora, aos 34 anos (com cara de 25 e corpo de 67), resolvi praticar. Mas deixando de lado essa parte filosófica, vou fazer um race report sobre Pirassununga 2012, o X Terra Long Distance.

Como de costume, fomos eu e minha fiel escudeira Fernanda para Pira na sexta ainda. Como não tinha vaga em Pira, ficamos em Leme. Hotelzinho mais ou menos, mas com uma pizzaria muito boa na frente. Leme é uma cidade agradável. Fomos correr na sexta no parque, mas estava fechado, mesmo assim, corremos 30 minutos só para soltar os cambitos. Claro que me perdia toda hora, mas me achava também!

No sábado, tomamos café, demos uma enrolada e fomos na AFA pegar o kit. Quase comprei um pneu, uma vez que tinha comprado 1 (achando que vinham 2) e minha bike estava com pneu bom atrás e ruim na frente. Mas.... muito caro! Espero mais um pouco! Havia combinado com o Wlad de encontrarmos para almoçar e fazermos uma visita ao abrigo da cidade de Pirassununga (uma ideia do Wlad que foi aceita por vários amigos do grupo Ironbrothers: fazer uma doação a uma instituição da cidade em que faríamos a prova, deu muito certo, foram arrecadados mais de mil reais além de roupas. PARABÉNS WLAD E AMIGOS QUE AJUDARAM) . Claro que me perdi e demorei um pouquinho para achar o restaurante, mas consegui chegar lá. Que encontro mais legal. Estava o Wlad, o Fábio Russomano, o Dalton Cabral e sua esposa Karina, depois ainda chegou o Ulisses e sua namorada Erika. Papo muito bom. Eu que sou um iniciante e não conhecia ninguém, já comecei com os feras. A chuva começou ali e não parou mais até o fim da prova. Papo muito bom, ideias fantásticas e depois fomos ao abrigo onde chegou o Fernando Quirino e sua esposa Karolyne. Conversamos um pouco com as crianças e com as pessoas que tomam conta da instituição e vimos o tanto que ainda temos de evoluir como sociedade. O Estado precisa chegar até essas crianças adolescentes, o terceiro setor não está dando conta! Mas isso fica para outro momento. A iniciativa foi sensacional.

Como disse choveu a noite inteira. Levantei bem cedo, coloquei a bike no carro e fomos para Pira. Quando fui montar a bike, esqueci o canudinho que prolonga o aerodrink, que beleza. Mas vai assim mesmo. Chuvinha fina, mesmo assim posicionei a bike na transição com as sapatilhas já clipadas e com elástico para ficarem na posição. Ia fazer descalço e correr descalço também, já havia decidido. O tênis deixei preparado dentro de um saco plástico.
 


Fomos para natação, já havia notado a dificuldade de tirar a speedsuit na minha cidade, mas achei que era por eu mesmo fechar o zíper e prender em algo que não via lá! A Fernanda fechou para mim e fiz o teste de abrir e fechar umas 5 x, 2 deram certo, isso ficou na minha cabeça, mas fazer o que, tomara que o sexto teste (já na prova) de certo também. Na largada o Célio queria que todo mundo saísse debaixo do pórtico, impossível, mais de 600 pessoas, não ia dar certo. Me posicionei mais a direita e larguei, na muvuca mesmo, fiquei mais do lado direito e fui sem forçar muito, nadei um pouco mais, mas fiquei mais livre. Na primeira volta, saí bem da água, não lembro o tempo, algum lazarento apertou meu relógio e ele foi para o alarme, hehehe. Segunda volta mais tranquila, as vezes forçava, as vezes focava mais na técnica. Saí da água oficialmente com 33:26 min, mais de 3 min mais rápido que ano passado, apesar da Fernanda me falar que tinha saído com 31 (estava mais orgulhoso, RS). Mas não fiz tanta força e quase caí para sair da água, ou seja pode ser um 32 alto. 


Saí da água e primeira coisa que fui fazer foi tentar tirar a speedsuit, não saia, tirei óculos e touca e fiquei ao lado da bike tentando tirar a roupa, com o resultado da bike somado ao da T1, acredito que tenha demorado uns 8 minutos ou mais até conseguir. Quase fui pedalar de speedsuit. Mas finalmente consegui, o pessoal que tava ali perto até riu e falou “ufa, até que enfim”.

Saí com a bike e fui montar, deu certo o pé direito, o esquerdo deu uma falha, raspou a sapatilha no chão, mas consegui sair rápido e depois a calcei certinho. Melhorei nisso.


A estratégia de alimentação estava muito bem montada pelo Rodrigo Tosta, fui seguindo a risca. O que eu não espera era o pedal fluir tão bem, mesmo com chuva, sem óculos, tava com média sempre acima de 35 - 38 km/h e passando muita gente (o que ano passado era o contrário, muita gente me passando). Fui tentando fazer um pedal progressivo, a cada volta dava split no cateye e a média realmente estava melhor. Um local me chamou a atenção, o Ulisses falou sobre ele, ano passado, pegava velocidade absurda, dessa vez tinha que pedalar para manter 33-35, não sei o local exato. Mas faltando uns 10 km, tinha uma moto ao meu lado e um monte de gente na frente o que estava me impedindo de ultrapassar, freei um pouco, peguei um buraco e perdi as ferramentas, vieram me avisar, mas falei que se furasse ali, ia na roda o resto do caminho. Nesse meio tempo o Wlad me alcançou, como já estava muito perto, esse bolo chegou na transição junto, deu até fila, RS! Olhei meu cateye e tinha dado 2:33h, quase 30 min mais rápido que ano passado. Oficialmente foi 2:42h, ou seja, as transições me deram um bom tempo a mais. Tentei fazer a T2 rápida, mas esqueci a garrafinha de gel e umas cápsulas de sal, voltei, peguei e saí para correr.



Aqui começa o martírio. Até o km 8 mais ou menos, estava conseguindo segurar cerca de 5 min/km de pace, o que para mim é muito bom e estava pensando em fazer uma segunda volta mais forte. Mas descobri que não era... comecei a me sentir pesado, alimentava, tomava a pastilha e ainda assim estava mal. Pernas pesadas, mãos dormentes, dor de cabeça... comecei a aliviar e muita gente me passou. Quando cheguei com a bike e vi meu tempo, vislumbrei a possibilidade de fazer um tempo bem próximo de 5 horas, se corresse tudo maravilhosamente bem, quem sabe, sub 5 (ok não era o momento de pensar nisso, não para mim). Mas a segunda volta foi triste, o psicológico começou a bater feio também além do físico. Como é interessante, quando me distraía, corria bem, quando estava sozinho, começava o sofrimento. Mas fui assim até o final. A lama do canavial me fez escorregar umas 10 x e fazia doer a coluna, RS! Mais essa para aguentar. O fato é que apesar de ter pulado de 96 kg para 86, ainda estou pesado e com musculatura fraca. Estava com incômodo na sola do pé esquerdo e na panturrilha direita (a qual foi com o salompas até o fim, eta coisinha boa, mas cara), mas nem pensava nisso,  a quebra foi feia, achei em um momento psicológico ruim, que fosse ter um AVC no máximo ou uma síncope, no mínimo, só estava pensando em coisa boa, RSRS. No fim, oficialmente fechei em 2:07:10 h, totalizando 5:22:48 h, 15 minutos mais rápido que meu tempo ano passado.


Fiquei triste da corrida não ter encaixado (disseram 1 km a mais que ano passado), se eu repito meus piores tempos em meias maratonas e mesmo o de Pira ano passado, teria sido muito bom. Mas no fim, estou feliz de ter feito uma natação não muito forte para 33 e um pedal que não sabia que tinha capacidade. Se eu apertei muito no pedal e faltou para a corrida? Pode ser, mas fui na percepção do que estava sentindo e como me sentia bem, fiz o pedal até um pouco com menos força do que poderia. Faltou a corrida, sei que ainda estou pesado, mas isso é comigo e meu esforço e não serve como desculpa. Resumindo: fiquei feliz, feliz de encontrar pessoas tão legais, de receber mensagens tão legais, de poder competir em uma prova tão disputada e boa, mesmo naquelas condições. Se meu conceito de vencer continua o mesmo? Não, vencer para mim passa a ter outro significado, ou outros, cada dia descubro um novo e essa prova me ensinou vários.
Gostaria de agradecer também, porque me considero um vencedor. Agradeço a todos que me aguentam no período de treinos, aos amigos que acabo nem encontrando mais (peço até desculpas), agradeço aos novos amigos, em especial ao Wlad que encabeçou uma atitude de auxílio ao próximo em um mundo cheio de egos inflados. Isso faz a diferença. Agradeço ao Coach Rodrigo Tosta que fez um excelente trabalho, me mostrando como treinar, como alimentar direito, entre outras dicas, tenho certeza que vou evoluir sempre. Está dando certo. Agradeço a minha família que ainda não está adaptada ao mundo do triathlon, mas tenho certeza que quando virem irão adorar. E meu agradecimento especial a minha companheira, namorada, fiel escudeira, diretora técnica da assessoria, entre outros cargos, Fernanda, por sua paciência, seu apoio e serenidade.

Para mim foi muito importante encontrar e conversar com o pessoal, por que aí sim você consegue ver como a galera se dedica e segue alimentação correta, treinos corretos, recuperação correta. Falta isso ainda para mim.... mas para um cara que 2 anos atrás utilizava a corrida apenas para aquecer para jogar outra coisa e ainda não gostava, acho que estou evoluindo.



Abraços e até a próxima, e que seja logo.


Guto

2 comentários:

  1. Respostas
    1. Vc tem que ir..... ou a gente manda te buscar aí! RS... faltou vc brow, o Bessa...a galera que se comunica mais! ia ser legal....

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