terça-feira, 3 de abril de 2012

Otimismo exacerbado + falta de preparo físico e principalmente mental = frustração e decepção! GP Damha Triathlon e GP Extreme Triathlon, São Carlos


Bom, o que era para ser um Race Report empolgante e de superação vai ser um desabafo de quem errou em um monte de coisa e acabou pagando um preço que não estava esperando.

Acho que devo começar dizendo que o short em São Carlos, ano passado, foi meu primeiro triathlon, vi o extreme e me empolguei, quando abriram as inscrições, fiz rapidinho e como fui o primeiro ou um dos, ganhei a inscrição do short. Putz, para quem nunca tem prova perto para participar e já ia p São Carlos, claro que aceitei. Até tirei férias no mês da prova para me preparar melhor e dar uma desencanada do serviço que tem me estressado bastante (o que não ocorreu, fui chamado mais de 5 x ao trabalho e atendi vários telefonemas). Mas deu para aumentar o volume e fazer uns treinos mais ritmados também. Seguindo a mesma planilha da ironguides para meio iron, mas sem ser rigoroso com a periodização, uma vez que não ia dar tempo de fazê-la por completo (nessas horas realmente falta um técnico ou mais conhecimento). Ok, estava inscrito nas 2 provas, fiquei tranquilo, ia pegar leve no short e fazia força (para terminar vivo, não para ganhar) no extreme.

Nas minhas férias, como falei anteriormente o objetivo era perder um pouco de peso e treinar mais, mas sou muito ansioso e algumas coisas que tinham prazo e ninguém queria fazer, acabei por reassumir a responsabilidade. Nisso, alimentação e alguns finais de semana foram para o brejo. Não foi como eu queria, mas também não foi tão ruim, só a lombar que estava dolorida (to achando que tem algum problema).




A prova – GP Damha (short):

Cheguei a São Carlos na sexta com minha fiel escudeira, minha namorada Fernanda, que está começando a ficar craque nas regras do tri, qualquer dia, vira árbitra!


Fomos para o íbis, que é longe para dédeu e depois fui para o Damha, me perdi, quase fui parar em Descalvado! Tudo isso por que tinha que deixar uma encomenda com um amigo que mora em São Carlos, a cidade é muito grande e difícil de andar (no começo). No Damha a primeira impressão, como ano passado foi excelente, como mudaram o local da expo, estava bem mais perto da portaria (acho que foi por isso que alteraram a T2 do extreme, o acesso ali era bem mais fácil e o pessoal saía e voltava a hora que quisesse, gerou descontentamento por parte de muita gente, mas eu achei interessante no fim das contas, mas mais para a frente eu falo mais sobre isso).

De posse dos kits (com camiseta, gel, caramanhola, barra de cereal, etc) voltei p hotel, montei a bike e fomos dormir! Estava ansioso... sempre fico assim, mas tava mais pilhado que nas outras provas, mesmo no long de Pirassununga (primeira prova longa).

Sábado, acardamos tomamos um café reforçado e fomos para o Damha com tudo já pronto para a prova. O congresso era às 11 e a prova às 14:00h. Participamos do congresso, encontrei com um amigo de Barretos, o Sérgio que é fera na categoria 45-49 e com o Roberto Carlos, paratriatleta que é de um nível impressionante! Almocei um lanche do subway e ficamos esperando. No short a largada foi ali mesmo, num lago pequeno


, seriam 2 voltas e “meia” e depois subir um “morrinho” para chegar na T1, no short os amadores largaram antes da elite. Roupa de borracha liberada, tava um calor absurdo, mas como nunca usei em prova queria testar. Posicionamos para a largada, nessa hora já percebi a pancadaria que seria, muita gente para pouco espaço, mas os tris são assim e é bom para acostumar. Largamos e realmente, pancadaria comendo solta, tentei nadar forte, na primeira bóia muvuca, na segunda já melhorou. Fiz as 2 voltas e meia e saí com uns 14 min da água, levando em conta a muvuca, considerei um tempo razoável e outra, demorei para tirar a roupa de borracha (acho que o tempo da T1 está junto), mas saí da T1 com a sapatilha clipada e foi certinho, subi na bike coloquei as sapatilhas e já na primeira curva para pegar o circuito tava com as mesmas fechadas, saí para morrer (quem falou que consegui ir na calma), primeira volta passei um monte de gente aí na subida lembrei do dia seguinte, tentei ir mais calmo, segunda volta mesma coisa, terminei com 41 min, T2 deu certinho também, tirei o pé da sapatilha e já entrei rapidinho, coloquei o tênis e o boné e borá correr, saí forte e passei uma galera também, mas depois fui pensando que tava cansando o que não era bom, aí um monte de gente me passou na volta, RS, mas ok, fechei com 26min, totalizando 1:22:15h, ano passado tinha feito em 1:14h, mas era menor o percurso, acho. Não é um tempo extraordinário, mas para mim foi bom. Estou me sentindo mais forte para fazer as provas. Aqui começa o problema do fim de semana.



Pós prova:

Teríamos de esperar o fim da prova para abrir a transição, nesse meio tempo, comi, tomei uma coca, tiramos fotos, conversei com a Ana Oliva e com o Richard (da FPTRI), vi a elite fazer a prova, só não descansei, nem tomei nada para recuperar. Quando sentei, comecei a me sentir mal, o estômago estava ruim, acho que por ter engolido muita água na natação. Abriu a transição, peguei as coisas e fomos para o hotel, não fiquei para o congresso, precisava descansar e já sabia o trajeto do outro dia. Realmente não estava com o estômago bom, consegui comer um macarrão no shopping, comprei umas águas para congelar nas caramanholas (depois que vi que eram com gás). Nessa hora no hotel me arrependi de ter feito a prova e o mental começava a ir para o saco!

A outra prova (GP Extreme):

Conseguir dormir quase 2 da manhã e acordei as 5:15h, tomei café, fui 2 x ao banheiro (RS) e fomos para o parque. Como não congelei a água, passei em uma conveniência e comprei 1 litro de água sem gás para colocar no aerodrink e na caramanhola (pensava que iria substituindo pelas outras caramanholas durantea prova, como faltei ao congresso, não podia ter certeza da informação, erro meu). Chegando no Damha, deixávamos as coisas na T2 primeiro que era em local diferente da T1 (uns 6 km de distância). Deixei as coisas lá (tênis e minha meia, o raiva, a meia era para ficar junto com a sapatilha). Cabe uma observação: perdi a unha do dedão a uns 6 dias, ta bom já, mas como molhou usei sapatilha (que tinha uma pedrinha que não consegui tirar) e tênis, meu dedão não tava muito legal, por isso tinha que usar meia, 100 km de bike sem meia, hummmm.... só tinha uma meia de compressão na minha sacola e eu demoro pacas para colocar.

Depois de deixar as coisas na T2, desci com a Fernanda p T1, isso que ia fechar a transição e fomos a pé, eu carregando a bike e ela me ajudando com as sacolas. Em frente ao golfe clube vinham 2 caras conversando na bike, de repente a roupa de borracha de um deles prende no pneu da frente e ele toma um capote monstro, bateu a cabeça e ficou desacordado um tempo, cortou a cabeça e machucou os tornozelos. Pessoal chamou o SAMU e a organização e ficamos esperando, como a transição ia fechar uma outra galera ficou com ele que já estava lúcido e eu tive de descer na bike. Coloquei tudo que podia na sacola e fui... deu uns 3 min, minha sacola arrebenta e quase me manda para o chão. Pqp, tempo curto, como ia levar as tralhas??? Consegui colocar tudo na sacola de novo, coloquei sobre o quadro e segurava com uma mão quando tinha q pedalar e com os joelhos quando era descida (mais arriscado impossível, ainda mais depois do tombo do cara). Cheguei na T1 faltando 3 min para fechar, aí fiquei doido, não achei a meia na sacola e a água já estava quente (erro meu), coloquei todos os géis, barrinhas e bananinhas na bolsinha do quadro que ficou lotada, até torta. Mas fiz o que podia coloquei tudo lá, fui ao banheiro (de novo) e fiquei esperando a elite largar, dessa vez era antes da gente, guardei um gel para tomar uns 15 min antes da largada. A Fernanda chegou e me emprestou a meia, fui colocar na transição e levei maior pito do árbitro (erro meu). Como ela tinha água, antes da largada tomei o gel, coloquei a roupa de borracha e fiquei cozinhando lá.


Galera aglomerou na largada, que era em um ponto e a boia era bem à esquerda, sugeriram de largar da água mas não houve acordo. Tocou a buzina e lá vamos nós de novo. Para não pegar muito “trânsito” resolvi largar em “L” fui para frente e depois virei para esquerda, só que nisso fiquei do lado da curva na bóia, ou seja no retorno, entrei debaixo da boia e só ouvia a galera falando p “não bater pé”, “vamos devagar”, muvuca total, depois disso fluiu mais tranquilo, mas eu sempre nadei pela beirada. Na saída algumas pedras, entrei na T1 com uns 16 ou 15 min, acrescente aí mais 1 minuto e tanto para tirar a roupa colocar meia e sapatilha e sair quicando de sapatilha na T1, como fui um dos últimos a chegar para deixar a bike, minha bike ficou muito longe, então fui no “poc-poc” até na saída, onde subi na bike clipei rapidinho e fui embora. Primeira volta , já na subida uma galera me passa, mas tudo bem, eram 5 voltas e meia.

Impressionava-me os caras mais fortes de pedal na subida, vixi, uns subiam girando muito e muito rápido. Meu GPS não mudou de esporte, mas estava cronometrando, mas eu não conseguia ver a quilometragem, sem problemas, ia contando as x que fazia o retorno. Já na primeira volta fui beber minha água e estava horrível, mas descia, depois de 50 minutos que fui tomar um gel (não tinha traçado uma estratégia de alimentação certinha, ia tentar fazer de 45-50 minutos). Na subida da primeira volta percebi um barulho estranho, procurei onde era e minha bomba estava pegando na coroa, arrumei e continuei. Na descidona a bike tremia muito, tinha muito vento em alguns locais. Fiz o retorno e abri a volta 2, quando chegou perto da maior subida percebi o pneu traseiro furado, como estava dando para rodar, ao invés de trocar achei melhor ir até a barraquinha da shimano p ver se me auxiliavam, ou seja, subi o morrão, fiz uma descida depois mais um morro, tudo com o pneu vazio. Tava cansado mentalmente já, sentindo que o corpo tava quebrando e a cabeça tava me sabotando, ao invés de pensar no que estava fazendo, pensava na corrida, pensava em outros trechos da prova, etc. Cheguei na barraca e o cara me emprestou uma roda. Perfeito, saí e rodava muito mais fácil a bike e sem tanta força. Fiz a volta inteira e cheguei ao mesmo ponto antes da subida (agora volta 3) onde tinha furado o pneu traseiro, percebi que não estava rendendo direito e vi que o pneu da frente estava meio murcho, parei, conferia e vi que não tinha esvaziado totalmente, enchi e continuei, minhas águas já tinham acabado, peguei logo 2 copos no ponto ali perto, achei que iam me dar garrafinha e já tava jogando fora minha caramanhola, como estava devagar o menino do posto perguntou se queria que ele enchesse minha garrafinha que ele poderia fazer isso, achei muito legal! Mas não cedi, achei q dava p chegar até no isotônico. Passei peguei isotônico e continuei (vacilo, já sabia que o pneu estava murchando, do lado do isotônico era barraca shimano), mas fui embora, aí o pneu esvaziou de verdade, parei mais umas 3 x para encher, na volta parei na barraca shimano e falei para o cara do pneu da frente, ele já foi pegar outra roda e eu tive um início de câimbra na perna direita. Como a cabeça já não estava legal, pensando em parar várias vezes, um calor absurdo que não era aliviado nem com a água, falei para o cara que não precisava, devolvi a roda traseira agradeci e fui embora. Deu aproximadamente 3:14h de prova, ou seja quase 3 hs de bike, conferindo no GPS depois, tinha rodado 70 km de bike, ou seja, se tivesse visto isso antes, talvez me animasse, mas a cabeça estava tão ruim no momento, que não pensei nisso, nem no ânimo que a galera shimano tentou me passar.

Foi muito frustrante, vi a galera chegando e saindo para correr e doeu, doeu muito! Está doendo ainda, tanto que senti necessidade de escrever aqui! Não quero me cobrar tanto, mas era uma prova que esperei tanto tempo e deixei escapar por erros que um planejamento simples poderia ter evitado! Como estava muito cansado já tinha resolvido ir embora na segunda, esperei liberar as bikes vi o pessoal da elite chegar, depois os Campeões amadores, Marcos Faria e Ana Oliva e fui embora! Fui dormir umas 10 da noite, acordei as 3:40 e não dormi mais pensando nisso. E continuo ainda, foi frustrante, talvez tenha faltado um pouco de experiência, mas o fato é que não quero mais passar por isso. Foi uma porrada. Quando você quebra, seu corpo não aguenta mais, ou sua bike não anda mais é uma coisa, agora no meu caso, deixei uns empecilhos destruírem meu arranjo psicológico refletindo no meu corpo.

Quanto às reclamações do pessoal, o que me incomodou foi o lance da água, para mim não faltou, mas estava quente, mas acho que EU poderia estar mais preparado. Vou comprar aquele porta caramanhola para colocar atrás do selim, andar só com gel e água quente para mim não funciona!

T1 distante: realmente para o pessoal que foi junto, judiou, galera queria ver e teve que andar uns 12 km entre ida e volta! Mas acho que foi por conta do ano passado o circuito ter de ficar fechado um bom tempo não permitindo passagem de veículos.

A largada realmente foi estranha, mas como eu não busco posições lá na frente, pude fazer um trajeto mais calmo! Os staffs foram extremamente gentis comigo, só o arbitro que me xingou, mas eu estava errado!

É uma prova muito longa que mistura profissionais com um formato diferente e amadores no formato tradicional. O parque é muito grande e a logística pode ter sido comprometida em alguns aspectos, para organização e atletas, até mesmo o pessoal acompanhante pode ter contribuído para falta de água.

Em resumo: gostei do desafio e considero que tenha sido cumprido em uns 80%, mas esses 20 restantes serão um divisor para mim!

Quero que a prova continue e eu vou continuar indo, o formato é interessante e muito desafiador, vale a pena. Acho que agora, sem fazer o short no dia anterior.... ou fazendo também! Vai que eu animo.... rsrsrsrs.

Abs

Guto